quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O que somos nós, os homens contemporâneos?

O que somos nós, os homens contemporâneos?


Em uma de minhas reflexões, consegui notar alguns absurdos contidos no nosso pensamento.  Acredito que estes podem nos contar algo de relevante sobre a nossa cultura e o nosso pensamento. Porém, antes de iniciar, faz-se necessária uma observação: Tudo que será exposto aqui está dentro de dois contextos, a saber, o cultural brasileiro e o contexto histórico contemporâneo.


Três Necessidades


·         A necessidade de SEMPRE demonstrar a felicidade:
Em época de redes sociais, esta necessidade é mais que visível, ela é gritante. A todo o momento é necessário tirar fotos sorrindo, de preferência em momentos que exprimem a felicidade, tais como, dentro do avião, ou naquela praia e etc. O triste é que essa felicidade, em muitos casos, é apenas virtual e não há mais espaço para a tristeza, para o luto, para a expressão da infelicidade. Os infelizes são mal vistos e aqueles que dizem que não sabem sorrir (como eu já fiz várias vezes rsrsrs) são tidos como estranhos, fracassados, esquisitinhos. Imagine que o mundo é um gigantesco baile de máscaras e todas as máscaras exprimem felicidade. O problema é que as pessoas não retiram as máscaras, logo, não conheceremos as pessoas propriamente ditas, conheceremos as suas máscaras. ATENÇÃO! PARE E REFLITA, POIS ISSO É PROFUNDO!
·         A necessidade de aprovação social:
Talvez esta seja a mais antiga de todas as que irei comentar aqui, mas ainda é real em nosso meio e, por conseguinte, merece a sua devida importância. Aliás, devo destacar que esta é a necessidade mais poderosa, as pessoas fazem de tudo (de tudo mesmo) por ela. Esta funciona da seguinte forma: O indivíduo não está bem consigo mesmo, então o mesmo procura a sua estabilidade (emocional) nos outros procurando que estes o aprovem. E é claro que esta é uma busca demasiadamente infeliz. Digo isto, pois esta é uma busca pelo infinito, por algo que nunca será alcançado em seu absoluto. Após a aprovação social a estabilidade do indivíduo começa a cair novamente, levando o mesmo a uma medíocre relação cíclica. Entenda que o problema principal desta necessidade é: não estar bem consigo mesmo. Não é possível encontrar em outra(s) pessoa(s) o que somente você pode dar a si mesmo. Aliás, o sua felicidade depende exclusivamente de você. Em linguagem de Leandro Karnal: “Somos solitários, totalmente solitários, ainda que eventualmente, solidários”. Considerem isto como: O fracasso da tese de Aristófanes!
·         A necessidade de estar sempre ocupado:
Não sei se vocês já notaram, mas se analisarem bem, verão que sempre estamos a fazer algo, e quando nos sobra tempo sempre existe algo para nos entreter. Há sempre aquele vídeo no YouTube que você quer ver, ou dá aquela vontade de dar uma olhadinha na rede social. Em suma, sempre estamos ocupados, mesmo quando o tempo nos sobra. Mas sabe qual é o motivo? Não conseguimos suportar a terrível dor de se estar só. Acreditamos que somos a pior companhia possível e estar consigo mesmo é sinônimo de fracasso. Em outras palavras, buscamos, a todo o momento, ocupar-nos para estarmos bem longe de nós mesmos. Somos a doença e a cura, o que nos falta é o encontro entre o (na linguagem de Nietzsche) Eu e Mim. A distância que separa os dois é o que chamamos de “medo de estar só consigo mesmo”. Mas talvez esta necessidade possua algum fundo de verdade, ela pode fazer certo sentido. Afinal, somos tão cruéis a ponto de rejeitarmos a nossa própria companhia, a companhia de um monstro (digo isto em sentido histórico), um monstro que atende pelo nome de homem.

Conclusão


É evidente que as necessidades aqui expostas não são as únicas que poderíamos citar, existem muitas outras e talvez eu fale sobre elas aqui em outra oportunidade. Mas, acredito que, estas mencionadas aqui, podem nos contar uma verdade sobre o que somos nós, os homens contemporâneos. Aliás, esta é uma questão de grande importância, pois chegamos ao mundo moderno sem saber o que nos tornamos. Talvez tenhamos muitas dúvidas quanto a isso, mas as necessidades nos dizem uma coisa que talvez faça algum sentido: Somos necessitados, demasiadamente necessitados, ainda que eventualmente, desnecessariamente.

Caio Peclat da Silva Paula


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