Por Norman Geisler
Tradução: Felipe Forti
Tradução: Felipe Forti
Prémodernismo normalmente é
pensado como a era anterior à 1650 d.C. O tema dominante era a metafisica ou o
estudo do ser (realidade). O modernismo então começou com Rene Descartes por
volta de 1650 e voltou a atenção à epistemologia ou como conhecer. A data
precisa do Pós-modernismo é disputada. Apesar de suas raízes estarem em
Friedrich Nietzsche (d. 1900), ele não começou a tomar forma até por volta de
1950 com Martin Heidegger e começar a ocupar a cadeira da frente em discussões
uma década ou duas depois com Derrida. O foco primário do Pós-modernismo é a hermenêutica
ou como interpretar. O objeto da interpretação pode ser a história, a arte, a
literatura, mas desconstruir é o foco central.
Alguém ilustrou a diferença entre
os três períodos de pensamento utilizando a imagem de um juiz. O juiz Pré-moderno
diz: “Eu os chamo pelo que eles são”. O juiz Moderno clama, “Eu os chamo como
eu os vejo”. Mas o juiz Pós-moderno declara: “Eles não são nada até eu poder vê-los”.
Precursores do Pósmodernismo
O pensamento ocidental moderno
começou com dois ramos principais: empirismo e racionalismo. David Hume
representou o primeiro e Rene Descartes o ultimo. O empirista se preocupava com
o sensível, e o racionalista com a mente. O empirista começava a posteriori no senso da experiência,
mas o racionalista começava a priori
com ideias inatas da mente. Immanuel Kant sintetizou os dois ramos,
argumentando que os sensos proviam o conteúdo
de nosso conhecimento mas a mente dava a forma
dele. Ele afirmava que a mente sem os sentidos é vazia, mas os sentidos sem a
mente são cegos. O resultado infeliz de sua brilhante, porém trágica síntese era
o agnosticismo. Nós não podemos conhecer a realidade como ela é em si mesma,
mas apenas como ela é após ser mediada por nós através dos sentidos e formada
por categorias em nossa mente. Então, metafísica – conhecendo a realidade em si
mesma – é impossível.
O agnosticismo Kantiano, por
um lado deu origem ao fideísmo de Soren Kierkegaard e, por outro, ao ateísmo de
Nietzsche*. Reconhecendo o abismo Kantiano entre aparência e realidade,
Kierkegaard sugeriu um “salto de fé” para o “totalmente diferente” Deus que
transcende toda a capacidade de conhece-lo com nossas mentes. Nietzsche, por
outro lado, preferiu não pular para um Deus desconhecido, mas pronunciar Deus
como morto e simplesmente ir desejando a eterna repetição do mesmo estado de
coisas para sempre.
Na ausência de qualquer Mente
absoluta para expressar qualquer sentido absoluto, Ludwig Wittgenstein montou
no convencionalismo de Frege e insistiu que nós estamos todos presos dentro de uma
bolha linguística que não nos permite fazer declarações cognitivas significativas
sobre o místico (metafisico) além. Quer dizer, sem dizer que Deus esta morto,
ele insistiu que toda a conversa sobre Deus esta “morta” (i.e., não faz
sentido).
Emprestando do método fenomenológico
de Edmund Husserl, o falecido Martin Heidegger postulou uma nova hermenêutica que,
desistindo de qualquer conhecimento metafísico da realidade, procurou recuperar
os raios da verdade para brilhar através da poesia (particularmente aquela de
Friedrich Holderlin). É fora desse contexto que Jacque Derrida concebeu seu método
hermenêutico de desconstrução pelo qual alguém desconstrói um texto e reconstrói
ele de novo e de novo. Antes de analisarmos isto mais cuidadosamente, será útil
contrastar o pensamento Moderno e Pós-Moderno em geral.
Contraste do Modernismo e Pós-Modernismo
Como pode ser visto na tabela
a seguir, há um importante desvio entre o pensamento moderno e pós-moderno. O
desvio geral é da epistemologia para a hermenêutica; da verdade absoluta para a
verdade relativa; de buscar o sentido do que o autor quis dizer para o sentido
do que o leitor quer; da estrutura do texto para a destruição do texto; do
objetivo de conhecer a verdade para uma jornada de conhecer:
Modernismo
|
Pósmodernismo
|
Unidade de pensamento
|
Diversidade de pensamento
|
Racional
|
Social e psicológico
|
Conceitual
|
Visual e poético
|
A verdade é absoluta
|
A verdade é relativa
|
Exclusivismo
|
Pluralismo
|
Fundacionalismo
|
Anti-fundacionalismo
|
Epistemologia
|
Hermenêutica
|
Certeza
|
Incerteza
|
Sentido do autor
|
Sentido do leitor
|
Estrutura do texto
|
Desconstruir o texto
|
O objetivo de conhecer
|
A jornada de conhecer
|
A Natureza do Pósmodernismo
Pósmodernismo é a condição
onde [já que Deus esta morto] “qualquer coisa é possível e nada é certo”
(Vaclav Havel). Nietzsche pronunciou que “Deus esta morto”, mas existem
diversos sentidos diferentes que podem ser dados à essa frase “Deus esta morto”.
Ela pode significar que Deus esta morto –
1- Epistemológicamente-Kant
2- Mitologicamente-Nietzsche
3- Dialéticamente-Hegel
4- Linguisticamente-Ayer
5- Fenomenológicamente-Husserl
6- Existencialmente-Sartre
7- Cognitivamente-Wittgenstein
8- Hermeneuticamente-Heidegger/Derrida
Claro, muitos desses
pensadores também acreditavam que Deus estava morto realmente (e.g., Nietzsche,
Sartre, e Derrida), mas isso esta fora de questão aqui, quer dizer, a
metodologia do desconstrutivismo Pós-Moderno.
Jacques Derrida: Pós-Modernismo
Duas das figuras dominantes no
Pós-modernismo são Jacque Derrida e Paul-Michel Foucault. Derrida escreveu: Of Grammatology (’67); Speech and Phenomena (’67); Writing and Difference (’67); Limited Inc. (1970); Post Card: From Socrates, Freud and Beyond
(1972); Specters of Marx (1994).
Foucault escreveu: Madness and Civilization (1961); Death and Labyrinth (1963); The Order of Things (1966); Discipline and Punish (1975); Archaeology of Knowledge (1976), e History of Sexuality (1976-1984).
O ponto inicial do pensamento
pós-moderno deles foi a morte de Deus de Nietzsche. Pois se não há uma Mente Absoluta, então não há-
1. Verdade absoluta (relativismo epistemológico)
2. Sentido absoluto (relativismo semântico)
3. História absoluta (reconstrucionismo)
E se não há Autor Absoluto, então não há-
4. Escrita absoluta (relativismo textual)
5. Interpretação absoluta (relativismo hermenêutico)
E se não há Pensador Absoluto, então não há-
6. Pensamento absoluto (relativismo
filosófico)
7. Leis de
pensamento absolutas
(anti-fundacionalismo)
E se não há um Propositador Absoluto, então não há-
8. Propósito absoluto (relativismo
teleológico)
Se não há Bem Absoluto, então
não há-
9. Certo ou errado absolutos (relativismo moral)
A Morte de Todos os Valores Absolutos no Pós-Modernismo
“Sem Deus e a vida futura?
Como o homem viverá depois disso? Isso significa que tudo é permitido agora”
(The Brothers Karamazov, Vintage, 1991, p. 589). Como Jean Paul Sartre colocou,
“Eu me percebi sozinho, totalmente sozinho no meio desse seu pequeno universo
bem-intencionado. Eu era como um homem que perdeu sua sombra. E não havia nada restante
no céu, nem certo ou errado, nem qualquer um para me dar ordens” (Sartre, The Flies, 121-122 em No Exit and Three Other Plays). Aldous
Huxley reconhece a mesma conclusão quando ele escreve, “A liberação que desejávamos
foi simultaneamente uma liberação de um certo sistema politico e econômico e a
liberação de um certo sistema de moralidade. Nós protestamos à moralidade
porque ela interferia em nossa liberdade sexual” (Ends and Means, 271).
Talvez ninguém tenha
descrevido isso melhor do que Bertrand Russell quando ele escreveu sobre um
mundo sem Deus: “O homem é o produto de causas que não tinham a previsão do fim
que estavam atingindo.... Sua origem, seu crescimento, suas esperanças e medos,
seus amores e suas crenças, são nada mais que a colocação acidental de átomos....
Todo o brilho do meio dia do gênio humano, são destinados à extinção na vasta
morte do sistema solar.... Apenas dentre os andaimes dessas verdades, apenas no
firme fundamente do desespero obstinado, a habitação da alma pode ser
seguramente construída daqui pra frente” (Bertrand Russell, “A Free Man’s
Worship” (em The Basic Wrightings of
Bertrand Russell, 67).
Em suma, a raiz do
Pós-modernismo é o ateísmo e seu fruto é o relativismo – relativismo em toda área
da vida e do pensamento. De interesse particular esta o ataque pós-moderno no
fundacionalismo, história, e interpretação textual e como isso afetou o
pensamento Cristão.
O Ataque no Fundacionalismo
O fundacionalismo é a visão de
que existem primeiros princípios auto evidentes fundamentais que formam a base
de todo o pensamento. Ele é pelo menos tão velho quanto Platão e Aristóteles no
mundo Ocidental, apesar de ter sido a fundação inconsciente do Pensamento
Cristão desde o inicio dos tempos.
Fundacionalismo dedutivo vem do racionalista moderno como Benedict
Spinoza e Rene Descartes. Ele é baseado no modelo geométrico Euclideano pelo
que certos axiomas são definidos como auto evidentes e todas as outras verdades
são deduzidas a partir deles. O problema com isso é que nem todos os axiomas
são necessários. Axiomas diferentes são possíveis, tanto matemáticos quanto
filosóficos. Além disso, esses axiomas racionais são vazios. Eles não produzem
conhecimento sobre a realidade. Por exemplo, dizer que “Todos os triângulos tem
três lados” não nos diz que há qualquer triangulo. Isso meramente diz que se existe qualquer triangulo, então por
definição eles devem ter três lados.
Fundacionalismo redutivo encontra suas raízes em Aristóteles e foi
abraçado pelo grande pensador Cristão Tomas de Aquino. É dito que todas as
verdades são reduzidas a (ou baseadas em) primeiros princípios ato evidentes.
Todas as afirmações não evidentes em si mesmas devem ser evidentes em termos de
alguma outra coisa. Mas não pode haver um regresso infinito de afirmações
não-evidente. Pois um regresso sem fim de explicações não é nada mais do que
uma tentativa de explicar a necessidade de uma explicação. Então, deve haver
uma primeira afirmação auto evidente em termos que afirmações não-evidentes são
conhecidas como sendo verdade.
Os primeiros princípios do
conhecimento são auto evidentes. Quer dizer, eles são declarações onde o termo
predicado é reduzível ao termo do sujeito, apesar de nem sempre ser deduzível a
partir deles. As leis básicas do pensamento incluem o seguinte:
Muitas coisas são dignas de
nota sobre esses primeiros princípios do pensamento.
Primeiro, eles todos são primeiros princípios do pensamento e do
ser. Por que? Porque “se houver um regresso infinito na demonstração, a demonstração
seria impossível, por que a conclusão de qualquer demonstração é feita certa
por reduzi-la ao primeiro principio da demonstração” (Aquino, Commentary on the Metaphysics of Aristotle,
244). Ou, como C. S. Lewis colocou, "não se pode fazer isso [explicar coisas] para
sempre: cedo ou tarde chega-se a abolir a própria explicação. Não se pode ‘ver
o que está por trás’ das coisas para sempre. Todo o propósito que existe em ver
o que esta por trás de alguma coisa reside justamente nisso: em ver, através
dessa coisa, um objeto. É bom que a janela seja translúcida, justamente porque
a rua ou o jardim além dela são opacos. E se também fosse possível ver através
do jardim? Não há nenhuma utilidade em tentar ‘enxergar que está por trás’ dos
primeiros princípios. Se você ‘enxergar o que está por trás’ de todas as coisas
sem exceção, então tudo se tornará transparente para você. Mas um mundo
completamente transparente é um mundo invisível. ‘Ver o que está por trás’ de
todas as coisas é o mesmo que não ver nada." (A Abolição do Homem, pp. 76-77)
Segundo, eles auto-evidenciam no sentido redutivo. Quer dizer, seu
predicado é reduzível ao sujeito. De modo que, assim que alguém entende o
sentido do sujeito e predicado, ele pode imediatamente ver que eles são
auto-evidentes. Por exemplo, uma vez que alguém sabe o que as palavras “solteiro”
e “não-casado” significam, então ele sabe imediatamente que “todos os solteiros
são homens não-casados”. Similarmente, uma vez que alguém sabe que isso é uma
figura de três lados, então ele imediatamente vê que isso é um triangulo.
Terceiro, eles também são inegáveis. Quer dizer, toda a tentativa
de negá-los, os afirma (pelo menos implicitamente) na tentativa de negá-los. Veja,
por exemplo, a Lei da Existência. Eu não posso negar que algo exista sem estar
existindo para fazer a negação. A afirmação de que eu não existo, implica que
eu exista para fazer a negação.
Quarto, esses primeiros princípios aplicam para toda a realidade. Eles
são primeiros princípios metafísicos. Diferente do fundacionalismo dedutivo,
eles não são vazios. Eles são primeiros princípios do ser (realidade). Eles
começam com algo existindo.
Quinto, desses princípios alguém pode demonstrar a existência e os
atributos centrais de Deus. Pois se algo existe (#1), e se nada pode causar
alguma coisa (#5), então algo eterno e necessário deve existir. E qualquer
coisa mais que exista, então ela deve ser similar a Deus em seu ser (#7). Mas
nem todo ser é um ser necessário (#6). Por exemplo, eu sou um ser contingente,
quer dizer, eu sou, mas eu posso não ser. Minha não-existência é possível. Mas
eu sou um ser pensante e moral (o que é inegável). Então, deve haver um Ser
eterno e necessário que é um Ser pensante e moral que existe (i.e. Deus). E se
Deus existe, então o pensamento, valores, e sentido também existem. Em suma, pós-modernismo
esta errado.
Uma Critica ao Pósmodernismo.
Essa critica pode ser aplicada à
outras áreas do pensamento pós-moderno, por exemplo, o desconstrutivismo na
história e na interpretação textual. Vamos brevemente aplicá-la à história.
Uma Critica à Visão Pós-Moderna de História
De acordo com a visão pós-moderna
de história, nós devemos desconstruir todos os relatos históricos do passado, já
que eles são relativos e não objetivos. Isso, é claro, iria ser destrutivo ao
Cristianismo ortodoxo já que é uma religião histórica. Nós cremos, assim como o
Credo dos Apóstolos diz, que Jesus “nasceu da Virgem Maria, sofreu nasceu de
Virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e
sepultado [...] [e] ressuscitou ao terceiro dia.” Essas são todas afirmações
históricas, e se a história não pode ser conhecida, então nós não podemos saber
estas como verdadeiras. Mas seria a história realmente incognoscível? Vamos
examinar brevemente os argumentos pós-modernos para a incognoscibilidade da
história. Um relativista histórico disse, “o evento em si, os fatos, não dizem
nada, não impõem qualquer sentido. É o historiador que fala, que impõe um sentido” (Carl L. Becker, “What
Are Historical Facts?” em The Philosophy
of History in Our Time, p. 131).
Porém, há um sério problema
auto-refutável com essa afirmação. Como pode alguém saber que algo não é história
objetiva sem que ele tenha algum conhecimento objetivo sobre a história que o
capacita a dizer que uma visão particular da história não é objetiva. Não se
pode saber não-isto sem saber isto. E não se pode saber história não-objetiva
sem saber história objetiva. Segundo é auto-refutável negar a objetividade da
história. Mesmo Charles Beard, o próprio apóstolo do relativismo histórico,
escreveu: “A critica contemporânea nos mostra que o apóstolo da relatividade
esta destinada a ser destruída pela criança de seu próprio cérebro.” Pois, “se
todas as concepções históricas são meramente relativas aos eventos passando
[...] então a concepção de relatividade é em si mesma relativa.” Resumindo, “o apóstolo da relatividade certamente será
executado por sua própria lógica” (Meyerhoff Ed, The Philosophy of History in Our Time, 138, ênfase adicionada).
Uma Critica da Visão Pós-moderna da Hermenêutica
Existem diversas características da
visão de interpretação dos desconstrutivistas.
Primeiro, ela é baseada no convencionalismo. Essa é a visão de que
todo o sentido é culturalmente relativo. Porém, isso também é auto-refutável,
pois se “todo o sentido é culturalmente relativo” então até mesmo essa afirmação
seria culturalmente relativa. Ainda assim ela afirma ser uma declaração sobre a relatividade cultural não uma de relatividade cultural.
Segundo, a hermenêutica pós-moderna
afirma que não existe sentido objetivo. Pois todas as declarações são feitas de
uma perspectiva subjetiva. Porém, isso também é auto-destrutível, pois ela equivale
a dizer que ela é uma afirmação objetiva com o sentido de que nenhuma afirmação
possui sentido objetivo.
Terceiro, ela nega que haja correspondência
entre nossas afirmações e seus objetos. Ela nega a visão da verdade por correspondência.
Mas o problema em negar que a verdade corresponda com a realidade é que essa
negação afirma corresponder com a realidade. Então, não se pode negar afirmações
que correspondam com a realidade sem fazer uma afirmação que ele creia
corresponder com a realidade.
Quarto, a hermenêutica pós-moderna
é uma forma de solipsismo linguístico. Seguindo Wittgenstein, Derrida
acreditava que nós estamos presos dentro da linguagem em um tipo de bolha linguística
e não podemos sair. Porém, essa é uma forma de falácia do “nada-mais”. Pois
todas as afirmações que implicam que nós não podemos conhecer nada mais do que o interior da bolha linguística
implicam que nós temos conhecimento de mais
que o que esta na bolha. Assim como a contradição Kantiana, alguém não pode
conhecer algo sobre a realidade que ele não pode conhecer qualquer coisa sobre
a realidade. A linguagem não é uma parede
que nos barra da realidade; ela é uma janela
que expressa a realidade que nós sabemos.
A falácia do solipsismo linguístico
é baseada na falha em reconhecer que a criação é análoga ao Criador. Deve haver
uma similaridade entre a Causa do ser finito e o Ser Infinito que causou isso. Pois
alguém não pode dar o que ele não tem para dar. Ele não pode produzir o que ele
não produz. Então, a Fonte de todo o ser deve ser similar ao ser que ele traz à
existência. [1]
Quinto, de acordo com o pós-modernismo,
a lógica é dependente da linguagem. As leis do pensamento são, portanto,
dependentes culturalmente. Mas isso claramente é contrário ao fato – o fato de
que a linguagem é baseada na lógica, não o inverso. Pois as leis básicas do
pensamento (enumeradas acima) operam em toda a linguagem e cultura, assim como
as leis básicas da matemática. A lógica transcende a cultura e faz a comunicação
através das culturas possível. A própria afirmação de que a Lei da Não-contradição
não é aplicável a todas as culturas é em si mesma uma afirmação não-contraditória
sobre todas as culturas.
Sexto, outra premissa hermenêutica
do pós-modernismo é que o sentido é determinado pelo leitor, não pelo autor. Pois
eles dizem que todo texto é entendido em um contexto e todo leitor traz um novo
contexto ao texto. Então, não é o sentido do autor que é o verdadeiro sentido
de um texto sobre o sentido do leitor. Porém, de novo aqui nós nos encontramos
com uma afirmação auto-invalidada. Pois nenhum pós-modernista deseja que nós
demos nosso(s) sentido(s) às suas palavras. Ele espera que nós tomemos o
sentido de suas palavras (i.e., o sentido do autor). Então, negar que o sentido
do autor é o sentido correto implica que o sentido do autor é o sentido
correto.
Os Problemas com o Pós-modernismo
Em suma, os problemas com o
pós-modernismo são: (1) Ele não pode ser pensado consistentemente; (2) ele não
pode ser falado consistentemente, e (3) ele não pode ser vivido
consistentemente. Por que? Porque é baseado no ateísmo, e o ateísmo não pode
ser pensado, falado, ou vivido consistentemente. Evidência da inabilidade de se
viver o ateísmo consistentemente vem das vidas dos próprios ateístas.
Evidência para os ateus de que o
ateísmo não pode ser vivido consistentemente
Ateu Jean Paul Sartre escreveu, “Eu
procurei a religião, eu ansiava por ela, ela era o remédio. Tendo ela sido
negada, eu teria a inventado eu mesmo [...] Eu precisava de um Criador...” (The Words, 102). Ateu Albert Camus
adicionou, “Pois qualquer um que esta sozinho, sem Deus ou sem um mestre, o
peso dos dias é terrível” (The Fall, 133).
Até mesmo Nietzsche escreveu um poema para um “Deus Desconhecido,” clamando: “Aquele
que é Desconhecido! Fale. Que queres tu, deus-desconhecido? [...] Volte Com
todas as vossas torturas! Para o fim de tudo o que esta sozinho, Oh, volte! [...]
E a chama final de meu coração – lança-as para cima de ti! Oh, volte, Meu deus
desconhecido! Minha dor! Minha ultima-felicidade!” (Thus Spoke Zarathustra, Parte Quatro, “The Magician”).
Bertrand Russell expressou um
momento revelador quando escreveu à uma amiga, “Mesmo quando alguém se sente
próximo de outra pessoa, alguma coisa em algum dos dois parece obstinadamente
pertencer a Deus [...] – pelo menos é dessa forma que eu devo expressar isso se
eu pensasse que há um Deus. Isso é estranho, não? Eu me imposto apaixonadamente
com esse mundo e muitas coisas e pessoas nele, ainda assim... o que é tudo
isso?” Deve haver algo mais importante para se sentir, apesar de eu
não crer que haja” (ênfase dele).
Há alguns anos, antes da
cortina de ferro ser levantada, enquanto eu retornava da Europa, me deram uma
revista Time. A capa chamou minha atenção. Estava escrito: “Deus esta Morto;
Marx esta morto, e eu não estou me sentindo bem também” (Capa da Time, edição europeia, 1978). Nietzsche
escreveu, “Eu seguro firma em mim as imagens de Dante e de Spinoza, que foram
melhores em aceitar muita solidão. Claro, sua forma de pensar, comparada com a
minha, é uma que fez a solidão suportável; e no fim, para todos aqueles que de
alguma forma ainda tem um “Deus” para a companhia [...]. Minha vida agora
consiste em desejar que possa ser o contrário [...] E que alguém possa fazer
minhas “verdades” parecerem incríveis para mim...” (Letters to Overbeck,
7/2/1865).
Até mesmo David Hume não pode
viver em seu ceticismo. Ele escreveu: “Felizmente isso acontece, que já que a
razão é incapaz de dissipar essas nuvens [de duvida], a própria natureza basta
para este propósito, e me cura da melancolia e do delírio filosóficos...” (A Treatise on Human Nature 1.4.7).
Então, o que ele fez? Ele disse, “Eu jantei, eu joguei um jogo de backgammon,
eu conversei [...]; e então, após três ou quatro horas de diversão, eu
retornaria à essas especulações, elas pareciam tão geladas, e tensas, e ridículas,
que eu não poderia em meu coração ir mais longe nelas” (ibid 1.4.7).
O famoso historiador e
filosofo descrente Will Durant escreveu: “Eu sobrevivi moralmente porque eu
retive o código moral que foi ensinado para mim junto com a religião, enquanto descartei
a religião [...]. Você e eu estamos vivendo em uma sombra [...]. Mas o que vai
acontecer às nossas crianças [...]? Elas estão vivendo na sombra da sombra”
(Chicago Sun-Times 8/24/75 1B).
A Humanist Megazine Britânica acusou o Humanismo de ser quase “clinicamente
afastado da vida.” Ela recomendou que desenvolvessem uma Bíblia humanista, um
hino humanista, Dez Mandamentos para os humanistas, e até mesmo praticas
confessionais! Adicionalmente, “o uso de técnicas hipnóticas – música e outros
dispositivos psicológicos – durante serviços humanistas seria das a audiência aquele
experiência espiritual profunda e eles iriam emergir refrescados e inspirados
com sua fé humanista...” (1964). Eu compus alguns hinos para eles: “Sócrates,
Amante de Minha Alma,” “Ninguém se Importou Comigo Como Platão,” e “Minha
esperança esta construída em nada menos que Jean Paul Sartre e no nada”! Um
hino para os Pós-modernistas poderia ser lido assim:
“Abra meus
olhos para que eu veja,
Mais de
minha própria subjetividade.
Me ajude,
Derrida, a ser
Totalmente absorto
na incerteza.
Então eu
saberei o que é estar
Perdido para sempre na pósmodernidade.”
Em suma, quando os próprios ateus
avaliam o ateísmo eles concluem como vivendo na “sombra da sombra.” Não é “suportável.” É “terrível,” até mesmo “cruel.”
Ele até mesmo leva ao “delírio.” O ponto central é que o pós-modernismo não é apenas impensável e impronunciável,
mas também não pode ser vivido.
O ateu Albert Camus declarou que
“Nada pode desencorajar o apetite pela divindade no coração do homem” (Camus,
The Rebel, 147). Blaise Pascal insistiu que havia um vácuo no coração humano do
tamanho de Deus o qual nada além de Deus pode preencher. Ele escreveu: “O que
mais esse desejo, e esse desamparo, proclamam além de uma vez ter havido no
homem uma verdadeira felicidade, a qual tudo o que resta é o traço e a
impressão vazios? Ele tenta preencher esse vazio em vão com tudo ao seu redor
[...] apesar de nada poder ajudar, já que esse abismo infinito só pode ser
preenchido com um objeto infinito e imutável; em outras palavras, pelo próprio
Deus” (Pascal, Pensees # 425).
Ex-Ateu Francis Collins que dirigiu o projeto genoma humano perguntou: “Por que
haveria uma ânsia humana, universal e exclusiva, se esta não se achasse ligada
a alguma oportunidade de realização?. As criaturas não nascem com desejos, a
menos que a fação de tais desejos exista. Um bebê sente fome: bem, existe aquilo
que chamamos de alimento. Um patinho quer nadar: bem, existe aquilo que
chamamos de água.” (A Linguagem de Deus, 46-47). Então, se há um vácuo do
tamanho de Deus no coração humano, então nada menor do que Deus será capaz de
preenche-lo.
Ateu Sigmund Freud clamou que “O
que é característico de ilusões é que elas vem de desejos humanos.” Já as “doutrinas
religiosas,” “todas são ilusões e insuscetíveis de prova” (The Future of na Illusion,
49-50). Porém, na verdade é o ateísmo que tem a ilusão. Pois Freud nunca fez um
estudo nos crentes em que ele baseou sua visão. O contrário, estudos recentes
mostram que a crença em Deus leva a uma vida melhor e mais feliz. O
ex-freudiano fez um estudo sobre o grande ateu e descobriu que eles eram órfãos
murchos funcionalmente e que, ao invés de crentes criando o Pai (Deus), os
ateus estão tentando matar o Pai (Paul Vitz, Faith of the Fatherless). Ele escreveu, “De fato, existe uma origem
psicológica coerente ao ateísmo intenso” (p. 3). “Portanto, no panorama
Freudiano, ateísmo é uma ilusão causada pelo desejo Edipiano de matar o pai
(Deus) e substituí-lo por si mesmo” (p.13).
De fato, na famosa frase de
Nietzsche “Deus esta morto” a próxima linha é “e nós o matamos.” O ateísta
existencialista francês Jean Paul Sartre, ilustra o ponto em sua própria
autobiografia quando ele escreveu: “Eu tive dificuldade de me livrar dele no
fato dele ter se instalado na parte de trás de minha cabeça. [...] Coloquei o
Espirito Santo em uma cela e o joguei fora; O ateísmo é um caso cruel e de
longo alcance; acho que consegui superar. Eu perdi minha ilusão” (The Words, 252-253).
Porém, mesmo que Sartre tenha
desistido de Deus, Deus não desistiu dele. Antes da morte de Sartre ele é
lembrado por dizer, “Eu não sinto que eu sou um produto do acaso, um grão de
poeira no universo, mas alguém que era esperado, preparado, prefigurado.
Resumindo, um ser que apenas um Criador poderia colocar aqui” (National Review,
11 de Junho, 1982, p. 677). De fato, Sartre foi rejeitado por sua própria
amante como um “vira-lara” e era visitado por um ministro Cristão regularmente
antes de sua morte. Eu tenho em meus arquivos uma carta de missionários na
França que conheciam Sartre que expressou a eles seu arrependimento por ter
influenciado muitas pessoas jovens com seu pensamento ateísta.
[1] Claro, deve haver
diferença entre o Criador e a criatura já que Ele é um tipo infinito de Ser e
nós somos seres finitos. Ele é um Ser sem potencialidade para o não-ser, e nós
somos seres contingentes que possuem a possibilidade de não ser. Deus é Puro
Ato (sem o potencial de não existir), e todas as criaturas são realizadas com o
potencial de não existir.
* Nota do tradutor: Nietzsche não era ateu. Porém, é inevitável pensar que seu pensamento não tenha dado origem a certo "ramo" do ateísmo. Como um dos pais do pós-modernismo e do relativismo, a idéia de que a existência do absoluto é relativa mas não correspondente à realidade forma, consequentemente, uma visão de mundo ateísta, como se fosse correta. Mas, de fato, não sei se Geisler estava querendo dizer isso ou se simplesmente estava errado.
Traduzido de: NORMAN GEISLER. A response to philosophical postmodernism, 2012. Disponível em: http://normangeisler.com/a-response-to-philosophical-postmodernism/. Acesso em: 19 nov. 2016.
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