Um dos pontos mais irrelevantes e
discutidos entre católicos e protestantes é o da virgindade perpetua de Maria.
Por que irrelevante? Porque tendo mantido sua virgindade ou não, isso não afeta
em absolutamente nada nenhuma parte do Cristianismo. Mas então, por que
escrever sobre isso? Sei la. Só acho que é biblicamente improvável manter a
posição de que Maria não teve outros filhos.
Maria teve outros filhos?
Mal entendido
É discutível se Calvino e Lutero
acreditavam na virgindade perpetua de Maria. So what? Sola Scriptura independe
de “lideres”. (Esse é quase o mesmo erro que A. G. Brito, teólogo adventista,
cometeu quando comentou que “protestantes sempre interpretaram que o sábado era
uma lei moral” achando que tinha refutado todo o meu texto sobre o sábado.)
O Salmo Messianico
Comecemos pelo Antigo Testamento,
pra mostrar que já haviam profecias apontando que o Messias iria ser negado por
seus irmãos:
Aqueles que me
odeiam sem causa são mais do que os cabelos da minha cabeça; aqueles que
procuram destruir-me, sendo injustamente meus inimigos, são poderosos; então
restituí o que não furtei.
Tu, ó Deus,
bem conheces a minha estultice; e os meus pecados não te são encobertos.
Não sejam
envergonhados por minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor, DEUS dos
Exércitos; não sejam confundidos por minha causa aqueles que te buscam, ó Deus
de Israel.
Porque por
amor de ti tenho suportado afrontas; a confusão cobriu o meu rosto.
Tenho-me
tornado um estranho para com meus irmãos, e um desconhecido para com os filhos
de minha mãe.
Pois o zelo da
tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.
Salmos 69:4-9
Vemos que não de pode
simplesmente apelar para as similaridades entre “irmãos” e “primos” em
hebraico, pois o texto claramente diz “filhos de minha mãe”.
Não se pode também desviar da
conclusão de que esse salmo seja messiânico.
Em João 15:25, Jesus cita o versículo 4 desse salmo para se referir a si
mesmo. Também, em João 2:16-17 ele cita o versículo 9 para si mesmo. Claramente
Jesus mostrava que esse salmo se referia ao Messias.
A evidência esmagadora do Novo Testamento
Existe um numero imenso de versos
no Novo Testamento que tornam impossível a interpretação de que estes eram
primos:
E não a
conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.
- Mateus 1:25
Sempre que um homem “não conhece
a mulher até...”, quer dizer que ele conheceu depois. (Gênesis 4:1)
Católicos vão dizer que “até que”
não implica necessariamente que houve uma mudança de estado. Normalmente citam
1 Coríntios 15:25; Filipenses 1:10; 1 Timóteo 6:10, dentre outras passagens em
que “até que” é usado mas não implica mudança. Mas, palavras significam o que
palavras significam... Em contexto! O contexto todo da passagem é sobre a
virgindade de Maria, que muda de foto nesse verso para o relacionamento dos
dois:
Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL,
Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do
Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz
seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus. - Mateus 1:23-25
O termo grego usado para "até que" ou "enquanto" é "heos hou". De acordo com o estudioso Jack Lewis, "em outras partes do Novo Testamento (Mt 17:9; 24:39; Jo 9:19), a palavra enquanto (heos hou), seguida por uma negativa, sempre sugere que a ação negada realmente ocorria posteriormente." (Jack Lewis, "The Gospel According to Matthew, vol. 1, p. 42)
Vejamos outros versos que
implicam que Maria teve outros filhos:
Porque nem mesmo
seus irmãos criam nele. - João 7:5
Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de
Jesus, e com seus irmãos. - Atos 1:14
Não é este o
carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de
Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele. - Marcos
6:3
E não vi a
nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. - Gálatas 1:19
E, falando ele
ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo
falar-lhe. E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos,
que querem falar-te. - Mateus 12:46,47
Não é este o
filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e
José, e Simão, e Judas? - Mateus 13:55
Note que, em alguns casos, quando
os irmãos e irmãs de Jesus são mencionados, o contexto implica que eles sejam
filhos de Maria. Afinal, por que citar ela primeiro, e logo depois falar dos
primos de Jesus? Não é muito estranho Maria andar por ai com os primos céticos de Jesus? Ou com filhos de outro casamento de José? Ou com os filhos céticos de Alfeu?
A palavra usada para “irmão” é
“adelphos” e para “irmã” é “adelphe”. Se fossem primos seria usada a palavra
“anepsios”, e se fossem “meio-irmãos”, seriam usadas as palavras “adelphos ouch
omopathios”. Esses supostos filhos de José teriam viajado com ele e Maria
(Lucas 2:5)
Agora, é verdade que “adelphos”
pode ser usado para significar outra coisa dependendo do contexto. Porem, o seu
significado primário é de “irmão” de sangue, e apelar para os significados
secundários ou simbólicos é inteiramente ad hoc e desnecessário, e parece mais
uma tentativa desesperada para desviar das conclusões óbvias das Escrituras.
Note que trocar os “irmãos” por “primos”
ou filhos de outro casamento de José no contexto torna o texto estranho:
Todos estes
perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de
Jesus, e com seus primos. - Atos 1:14
Não é este o
carpinteiro, filho de Maria, e meio irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de
Simão? E não estão aqui conosco suas primas? E escandalizavam-se nele. - Marcos
6:3
Algo interessante pode percebido
no seguinte texto:
E, falando ele
ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo
falar-lhe.
E disse-lhe
alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te.
Ele, porém,
respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos?
E, estendendo
a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos;
Porque,
qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e
irmã e mãe.
Mateus
12:46-50
Note que alguém da “platéia” lhe
disse que ali estavam sua mãe e irmãos. Foi só depois disso que Jesus “estabeleceu”
que sua família “simbólica” eram seus discípulos.
Qualquer uma das três teorias
predominantes no catolicismo sobre os irmãos de Jesus será ad hoc e sem qualquer evidência. Dizer que são primos não tem base,
já que os autores do Novo Testamento estavam familiarizados com a diferenciação
dos termos adelphos e anepsios. Dizer que são meio-irmãos de
outro casamento anterior de José torna o contexto estranho, já que eles estão
acompanhados de Maria, a mãe de Jesus. E dizer que são filhos de Alfeu não
explica as irmãs e nem o por que deles estarem com Maria.
Quanto a essa ultima teoria – a dos
filhos de Alfeu – os nomes iguais não devem ser algo de se surpreender. Traduzindo
para o hebraico, os nomes “Tiago, José, Judas e Simão” ficam “Yakov, “Yoseph,
Yehudah e Shimeon”. Tais nomes tinham um sentido especial no Judaísmo: Jacó
(Yakov) teve três filhos chamados Yoseph (José, com Raquel), Yehudah (Judá, com
Lia) e Shimeon (Simeão, com Lia). (Gênesis 29:33. 35; 30:23)
Alem de tudo isso, existe a evidência
extra-bíblica de Flávio Joséfo, chamando Tiago de Irmão de Jesus:
“Anano, um dos
que nós falamos agora, era homem ousado e empreender, da seita dos saduceus,
que, como dissemos, são os mais severos de todos os judeus e os mais rigorosos
no julgamento. Ele aproveitou o tempo da morte de Festo, e Albino ainda não
havia chegado, para reunir um conselho diante do qual fez comparecer Tiago,
irmão de Jesus chamado Cristo, e alguns outros; acusou-os de terem
desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento. Esse ato desagradou muito
a todos os habitantes de Jerusalém, que eram piedosos e tinham verdadeiro amor
pela observância das nossas leis” (Antiguidades 20:197:203)
Joséfo, como judeu, não teria razão
nenhuma para chamar Tiago de irmão de Jesus se este fosse apenas um irmão simbólico.
Os primeiros cristãos e a Bíblia chama Tiago de “Irmão do Senhor” ou “Irmão do
Salvador”. Isso pode ser visto em Gálatas 1:19 e nos escritos de Eusébio.
Como vimos, a leitura plena das
Escrituras mostram de forma clara e direta que Jesus teve irmãos, filhos de
Maria e José. A teologia católica se baseia em “pode ser que isso” ou “pode ser
aquilo”.
Mas a tradição...
Pelo bem do argumento, suponhamos
que a tradição nunca tenha sido corrompida. E dai? As Escrituras obviamente
contradizem a Tradição Católica. Sabemos que as Escrituras são theopneustos
(inspirado divinamente). Com qual você fica?
De qualquer forma, a tradição
realmente sempre foi unânime? No final do segundo século d.C., Tertuliano
escreveu:
“E, portanto,
quanto à pergunta anterior, ‘quem é a minha mãe, e quem são meus irmãos?’ Ele
adicionou a resposta ‘Aqueles que ouvem minhas palavras e as seguem’, Ele
transferiu os nomes de quem tem relação de sangue aos outros, a quem Ele
julgava serem mais próximos a Ele por razão de sua fé. Agora, ninguém transfere
essas coisas exceto por aquele que possui aquilo que é transferido. Se,
portanto, Ele fez deles ‘Sua mãe e Seus irmãos’, a quem não eram, como Ele
poderia negar a eles esses relacionamentos e quem realmente os tinha?” (Against
Marcion 4:19)
Note que ele faz claro uso da
passagem em que a mãe e os irmãos de Jesus aparecem, e Ele fala dos “irmãos”
novos. Tertuliano esta argumentando que Jesus não poderia fazer daqueles seus
“irmãos” se já não tivesse esse tipo de parente. Agora, alguém pode
contrariá-lo ou refutar seus argumentos. Mas o ponto aqui é: Um dos primeiros
cristãos claramente ensinava que Jesus possuía irmãos de sangue. Nós vemos a
tradição mostrando mais claramente afirmações da perpetua virgindade depois,
sendo fortalecida apenas no quarto século. Mas ainda no quarto século, Basílio
de Cesareia escreveu que a perpetua virgindade de Maria, “não iria afetar os
ensinos de nossa religião, porque a virgindade de Maria era necessária até o
serviço da Encarnação, e o que aconteceu depois não precisa ser investigado
para afetar a doutrina do mistério.” (St. Basil the Great, PG 31, 1468 B; citado por Luigi Gambero, Mary and
the Fathers of the Church, p. 146)
É verdade que Basílio prosseguiu
argumentando com o porque ele acreditava que Maria teria se mantido virgem. Mas
o ponto importante é que ele não via isso como um essencial da fé Cristã. De
fato, em outro lugar ele escreveu:
“Nós não
devemos debater sobre esse assunto – se depois dela dar a luz ao Salvador,
Maria firmou o casamento ou, por outro lado, se manteve uma virgem – porque isso
não tem aplicação ao mistério da fé. [...] O que aconteceu depois (do
nascimento de Cristo) é algo que nós não nos intrometemos no que diz respeito à
Palavra do mistério, porque isso não tira o respeito da longo da Palavra,
porque ela não faz mal a piedade.” (St. Basil the Great, “Sermon on the Nativity of Christ,” Vol. 1, p. 389,
citado em John Gerhard, Theological Commonplaces, “On the Nature of Theology
and Scripture,” 18, 8)
O historiador da igreja J. N.
D. Kelly nos diz que tal doutrina se originou no apócrifo Ascensão de Isaías,
que diz: “Seu ventre foi encontrado como ele estava antes de ficar gravida.”
(11:8-14) [link].
(J. N. D. Kelly, Early Christian
Doctrines, p. 492)
Outros documentos apócrifos
antigos que mencionam a virgindade perpetua de Maria são o Odes de Salomão,
repleto de influencia gnóstica, e o Protevangelio de Tiago, que teve grande
influencia na doutrina Católica Romana. Historiador Jesuíta, Joseph Fitzmyer
concorda quando diz:
Tal
ensino da igreja foi formulado pelos Cristãos primitivos na era pós-Apostólica,
fazendo uso de uma interpretação de algumas passagens no Novo Testamento que
passaram por outras que eram problemáticas, como João 1:45; 6:42; Lucas 4:22. O
resultado foi que esse ensinamento não foi aceito universalmente a principio. Mesmo
que as vezes se pense que esse ensino seja implicado no escrito do segundo século,
Protevangelium Jacobi [Protevagelio
de Tiago], ele eventualmente se tornou cristalizado na crença duradoura sobre
Maria como aeiparthenos ou semper virgo, “sempre virgem”, nos
credos do quarto século em diante. (America Megazine, Whose Name is
This?, http://www.americamagazine.org/issue/412/article/whose-name 18 de Novembro de 2002)
Sobre o Gnosticismo que
influenciava a igreja, Dr. James White comenta:
“Gnosticismo
ensinava que a salvação vinha através de um certo tipo de ‘conhecimento’ salvifico
[...], e esse conhecimento normalmente vinha por meio de varias cerimonias. A
grande ênfase era no celibato [...] e sua asserção resultante de que a união
sexual entre marido e mulher deve mais ao Gnosticismo do que a uma
interpretação justa das Escrituras.” (James White, Mary - Another Redeemer?, nota 12 do capítulo 3,
kindle pos. 1831)
Jesus confiou Maria a João. Por que não a um de seus irmãos?
Ora Jesus,
vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a
sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. - João 19:26
A chave para entender este verso
é lembrar que os irmãos de Jesus não criam n’Ele como Messias. O fato de Jesus
estar crucificado e, pensavam eles, sob a maldição de Deus (Deuteronômio
21:22-23), era mais do que confirmatório para eles verem que Ele era só um
iludido. Então, não haviam razões para eles se manterem ali. E assim, como João
ficou la e mostrou sua fidelidade, era a melhor opção para Jesus confiar Maria.
De fato, de forma interessante,
um detalhe adicional me foi comentado pelo professor Paulo Romeiro da
Universidade Mackenzie. Já que Maria foi confiada a João até o final por Jesus,
então por que não existe, nos escritos de João, clara referencia de sua
perpetua virgindade, assunção (que só aparece no final do quarto século) e
outras doutrinas da mariologia?
Maria fez voto de castidade?
Alguns apologistas católicos
tem tentado forçar que Maria fez um voto de castidade nas seguintes passagens:
E disse
Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum? - Lucas
1:34
Se você já leu a Bíblia, sabe
que essa interpretação não tem sustento algum. Não é preciso treino em exegese
ou hermenêutica para notar isso. Em primeiro lugar, a passagem esta no
presente, “não conheço...”. Em segundo lugar, nesse momento ela era apenas
noiva de José, ainda não era casada. De fato, tal interpretação foi feita
popular por Agostinho, quatro séculos depois de Cristo. Como reconhece o
apologista católico Ludwig Ott, essa ideia não tem sustento. Ele comenta, “porem,
as núpcias subsequentes dificilmente podem ser reconciliadas com isso.” (Ludwig
Ott, Fundamentals of the Catholic Dogma, p. 207)
Dr. James White também
comenta:
“A ideia de
uma virgem casada simplesmente esta fora de harmonia com os ensinamentos da
Bíblia a respeito da natureza do casamento (sem falar nos costumes Judaicos da época).
Como Paulo ensinou (1 Cor. 7), existe uma divida conjugal envolvida (v. 3) que
iria excluir a ideia de uma virgem casada: o corpo do homem não é dele mesmo,
mas é de sua esposa, e vice-versa. Relações sexuais são completamente naturais
em um casamento, e, de fato, são assumidos se um casamento de verdade existe.
Se uma pessoa quer de manter virgem, ela não deve se casar.”
“A ideia de
uma virgem entrando em um noivado com um homem, mesmo ela pretendendo manter o celibato, é simplesmente uma
tentativa de fazer a evidência bíblica dar suporte a uma doutrina criada bem
depois dos apóstolos terem terminado de escrever as Escrituras.” (James White,
Mary – Another Redeemer?, kindle pos. 323, p. 32)
Ezequiel 44 é uma profecia sobre Maria?
Então me
fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, que olha para o
oriente, a qual estava fechada. E disse-me o Senhor: Esta porta permanecerá
fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o Senhor, o Deus de
Israel entrou por ela; por isso permanecerá fechada. - Ezequiel 44:1,2
Santo Ambrósio e Santo
Agostinho afirmaram que esse portão do templo que nunca mais seria aberto iria
se referir a Maria. Porem, claramente eles estavam tentando encontrar algum
tipo de suporte Bíblico para tal doutrina. Não existe razão alguma para afirmar
que esse templo seja Maria. A única forma de se colocar dessa forma é com a
ideia pré-concebida de que Maria se manteve virgem e de que Deus deu essa visão
a Ezequiel através de um templo e seu portão. Essa é uma visão que Ezequiel
teve a respeito do templo. Não existe razão para inferir nada mais a isso.
Seria Maria o Tabernáculo e a
Arca?
Um tentativa de defender
biblicamente a doutrina da virgindade perpetua de Maria, e a de dizer que o tabernáculo
e a arca eram “símbolos” de Maria. Já que o Tabernáculo mantinha a Arca, que
simbolizava Jesus, dentro de si, então o Tabernáculo deve simbolizar Maria.
Isso supostamente também seria implicado pelo uso da palavra episkiasei tanto em Lucas 1:35 quanto na
Septuaginta em Êxodo 40:35. Já que Deus deu instruções tão cuidadosas para a
construção da Arca e do Tabernáculo, então aquela que carregaria Jesus deveria
ser ainda mais preparada e conservada.
O problema aqui é que a
teologia de Lucas em Atos 7:44-49 nos diz que Deus não habita em casas feitas
por homens, nos mostra que não seria bom para Lucas comparar Maria com Jesus à
Arca e a glória de Deus no Tabernáculo. Apologistas católicos Raymond Brown,
Joseph Fitzmyer e outros disseram que “tal comparação entre Maria e o
Tabernáculo não seria favorável a ela.” (Raymond Brown, Karl Donfried, Joseph
Fitzmyer, John Reumann, Mary in the New Testament, p. 133 n. 298)
Outra tentativa de conectar
Maria à Arca é a de que Davi preparou o caminho dançando para a Arca chegar a Jerusalém
(1 Samuel 6:14-16), e isso seria uma previsão de João Batista no útero de
Isabel quando a arca da Nova Aliança estivesse próxima (Lucas 1:44). Mas,
como os autores acima citados notam, essa tentativa se “baseia em fantasia”.
(ibid) De fato, a palavra para saltou em Lucas 1:44 é eskirtesen, enquanto a Septuaginta traduzas palavras de em 1 Samuel
6:14 e 1 Cronicas 15:29 por anekroueto
e orchoumenon, respectivamente.
Eric Svendsen diz:
“Nos dizem
que Maria é igualada a Davi (ambos ‘ascendidos’ e ‘estabelecidos’), enquanto
outras vezes Maria é igualada à Arca. Alem disso, a afirmação de Davi em 2 Sam
6:9, “Como virá a mim a arca do Senhor?”, muda o paralelismo de Maria/Davi para
Davi/Isabel [...] A flutuação de paralelismos de Maria/Arca para Maria/Davi
para Davi/Isabel para Isabel/Obede-Edom para muito caprichosa para ser
valida, e é apenas por essa razão que a maioria dos estudiosos a rejeita
corretamente.” (Eric Svendsen, Who is my Mother? The Role of and Status of the
Mother of Jesus in the New Testament and Roman Catholicism, p. 168)
Por essas razões, Raymond
Brown e outros concluem que “não existe evidência convincente de que Lucas
especificamente identificou Maria com [...] a Arca da Aliança.” (Raymond Brown,
Karl Donfried, Joseph Fitzmyer, John Reumann, Mary in the New Testament, p. 134)
Conclusão
Existe um numero enorme de
evidências bíblicas de que Jesus teve irmãos. Mas, para desviar dessas
conclusões é necessária uma defesa ad hoc e a utilização de versos vagos. As
Escrituras são a autoridade. Se colocarmos algo que “controle” a interpretação,
então estamos colocando algo com autoridade acima da Palavra de Deus.
CARM, Did Mary Have Other Children?, https://carm.org/did-mary-have-other-children
Mary's Virginity at Matt. 1:25, https://carm.org/marys-virginity-and-matt-125
Samuele Bacchiocchi, "Mariologia", em Crenças Populares,
James White, Mary - Another Redeemer?
Reformed Apologetics Ministries, Mary is not the Ark and Tabernacle, http://www.reformedapologeticsministries.com/2014/03/mary-is-not-arc-and-tabernacle.html
Fontes
CARM, Did Mary Have Other Children?, https://carm.org/did-mary-have-other-children
Mary's Virginity at Matt. 1:25, https://carm.org/marys-virginity-and-matt-125
Samuele Bacchiocchi, "Mariologia", em Crenças Populares,
James White, Mary - Another Redeemer?
Reformed Apologetics Ministries, Mary is not the Ark and Tabernacle, http://www.reformedapologeticsministries.com/2014/03/mary-is-not-arc-and-tabernacle.html
Os supostos "irmãos" de Jesus NUNCA são apresentados como filhos de Maria. Em todo o Novo Testamento Maria é chamada exclusivamente de Mãe de Jesus. São Jerônimo, tradutor da Bíblia e doutor da Igreja, já massacrou o herege Helvídio. Até mesmo Lutero, Calvino e Zwinglio criam e defendiam Maria como a Mãe de Deus e sempre Virgem!
ResponderExcluirhttps://cumpetroetsubpetrosemper.blogspot.com/2017/05/a-virgindade-perpetua-de-maria.html