Nessa época e nesse lugar, o
mundo secular não coloca um valor alto na castidade, que parece ter sido
considerado algum tipo de virtude de religiosos excêntricos. Enquanto se pode
evitar doenças e assedio em seu local de trabalho, e se pode usar de métodos
contraceptivos para evitar uma “gravidez indesejada”, o única critério restante
é o consentimento. (Já que pedofilia ainda é um tabu, “consentimento” é
interpretado usando um termo legal que diz que aqueles menores de 18 anos não
devem consentir) Pessoas casadas são fieis a seus parceiros, mas solteiros
fazem o que quiserem.
É verdade que há algumas razões
religiosas distintas (assim como algumas razões Cristãs distintas) para a
castidade. Mas é idiota pensar que essas são as únicas razões. Moralidade sexual
tradicional não é encontrada exclusivamente em doutrinas místicas sobre Deus.
Também é baseada em experiência pratica, envolvendo alguns fatos biológicos e
psicológicos sobre os seres humanos. Fatos que irão atuar independente de sua
opinião sobre qualquer realidade transcendente. É por isso que as culturas mais
tradicionais desencorajam a fornicação, até mesmo daqueles que tem diferentes
doutrinas sobre deuses e o sentido de prazeres terráqueos. Não é porque eles
escutam padres, mas porque eles ouviram suas avós.
Entretanto eu vou assumir um
dogma místico nesse post, assumir que há algo como ética, que comanda não ferir o ser colega humano, e que
essa regra é obrigatória. Alem disso, que o colega ser humano inclui a SI
MESMO, então a pessoa ética é primeiramente e principalmente comprometida com a
prosperidade humana no exemplo da humanidade em que eles realmente têm
controle. Portanto, você não pode dispensar um comportamento auto-destrutivo
dizendo que “isso não vai machucar mais ninguém”, porque se você realmente ama
o bem, você vai querer ver isso produzido em você mesmo assim como nos outros.
Alem disso, destruindo a si mesmo você perde a habilidade de ajudar outras
pessoas, e causa sofrimento a pessoas que amam você.
Nesse mesmo passo, é insuficiente
se a outra pessoa consente, porque pessoas as vezes consentem em coisas que são
prejudiciais e elas. Você tem que realmente decidir se o ato do sexo seria
beneficial ou destrutivo para a outra pessoa.
Agora vem a biologia e a
psicologia. O primeiro fato sexual é que a paixão causa prazer intenso,
comparável em intensidade a drogas viciantes. Não a nada inerentemente errado
com isso, mas isso significa que é improvável que estejamos sóbrios quando
fazemos escolhas sobre isso. Portanto, o que quer que os princípios éticos
possam sugerir, eles devem ser aplicados por regras sociais claras e explicitas
para se evitar situações ambíguas.
O segundo fato é que nós somos uma espécie que
cria laços através de sexo, condicionado por químicas como a ocitocina. Portanto, a
conseqüência habitual do sexo é criar uma forte ligação emocional entre os dois
participantes. Isso pode ser possível de evitar por deliberadamente proteger a
si mesmo com barreiras emocionais, mas isso não é confiável. E o que irá
acontecer se uma pessoa cria laços enquanto a outra pessoa se mantém reservada?
Pior ainda, distanciamento
emocional parece provável de levar a uma sexualidade não baseada no amor, mas
em algum tipo de contentamento pelo próprio corpo, ou por outra pessoa. É
importante notar nessa conexão, que luxuria não é sempre “amor”, mesmo se por
“amor” nós apenas queremos dizer afeição romântica. Como nosso senso de humor,
luxuria pode até apreciar crueldade, para si mesmo e outros. Há uma razão do
por que certas palavras para esse ato se tornaram palavrões.
Por essas razões, a pessoa ética
vai evitar sexo casual, e vai apenas fazer amor no contexto de um
relacionamento genuíno de afeição e amizade mútuas.
Alem disso, é melhor que esses
relacionamentos sejam exclusivos se
for pra eles se manterem estáveis. Ciúme é outro desses fatos estranhos sobre a
natureza humana que devem ser levados em conta. É fácil para pessoas
(especialmente pessoas imaturas que não estão cientes de seus próprios limites)
decidir que elas são sofisticadas e maduras o bastante para agüentar um
“relacionamento aberto”, mas a instabilidade notória de tais relacionamentos
prova o contrario. Alem disso, apesar de ciúmes ser um defeito em muitos
contextos, eu não acho que ele seja errado nesse contexto. Pelo menos, “amor
livre” – A visão de uma natureza humana idealizada (quase comunista) em que
todos podem compartilhar igualdade entre amigos próximos, mas ninguém esta intitulado
a relações privadas impróprias para se compartilhar com os outros – não me
atrai.
Finalmente, se esses
relacionamentos são para resultar em uma felicidade a longo prazo então é
preciso que haja um entendimento explicito de que o relacionamento é planejado
para ser permanente. A alternativa é
criar laços com alguém (ou mais provável, uma serie de pessoas), sob a condição
de que você pode racionalmente esperar que eventualmente vocês se tornem
estranhos, ou até mesmo inimigos, para essa pessoa.
Eu não namorei na faculdade
[nota: “eu” se refere ao autor do post original], mas eu era amigo de vários
casais que namoravam e eventualmente terminaram. Quando pessoas estão
emocionalmente envolvidas, mas não emocionalmente comprometidas, é como um trem
desgovernado esperando algo acontecer. De um ponto de vista objetivo visto de
fora, parece que o coração partido supera a alegria. As praticas dos namoros
modernos são péssimas a esse respeito, mas adicionar laços sexuais a mistura
faz disso muito pior.
Outro pequeno fato estranho sobre
sexo é que com ele se faz bebes. Como comumente praticada, contraceptivos não
tem 100% de sucesso. Até mesmo moralidade sexual liberal-secular reconhece a
problemática natureza da “gravidez indesejada”. Toda hora que um homem faz sexo
com uma mulher fértil a qual ele não quer se casar, ele esta arriscando fazer
ela escolher entre (a) abortar, ou (b) ter uma criança que crescerá com um pai
ausente (e possivelmente uma mãe relutante também).
Eu acredito que (a) é imoral. Mas
ao invés de me desviar sobre ter uma razão “secular” para isso, eu vou
simplesmente apontar que em qualquer caso é uma decisão difícil e provavelmente
traumática para a mulher fazer. Outro desses fatos estranhos sobre a biologia
humana é que o corpo de uma mulher grávida esta cheio de hormônios tentando fazer
ela sentir fortes laços emocionais com o homo
sapiens não nascido dentro dela.
Quanto a (b), uma pessoa ética
deveria perceber que os interesses da criança em ter parentes amáveis é mil
vezes mais importante do que seus próprios interesses em trilhas sexuais ou
românticas. Por outro lado, se em um romance você esta procurando os interesses
profundos de uma pessoa, então esse interesse, assim como o interesse da
criança, é melhor sustentado pelo casamento. Um homem de verdade não usa uma dama e depois a descarta quando ela se torna
inconveniente. Ele também não abandona sua própria carne e sangue.
Esse post não é destinado a dizer
nada contra o amor. Castidade é amor:
desejando o bem do amado, controlando desejos sexuais, para o bem da plenitude
e integridade do amado.
Traduzido de: Aron Wall, "Undivided Looking - Chastity:
not just for religious folk"
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