quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Castidade: Não é apenas para religiosos

Nessa época e nesse lugar, o mundo secular não coloca um valor alto na castidade, que parece ter sido considerado algum tipo de virtude de religiosos excêntricos. Enquanto se pode evitar doenças e assedio em seu local de trabalho, e se pode usar de métodos contraceptivos para evitar uma “gravidez indesejada”, o única critério restante é o consentimento. (Já que pedofilia ainda é um tabu, “consentimento” é interpretado usando um termo legal que diz que aqueles menores de 18 anos não devem consentir) Pessoas casadas são fieis a seus parceiros, mas solteiros fazem o que quiserem.

É verdade que há algumas razões religiosas distintas (assim como algumas razões Cristãs distintas) para a castidade. Mas é idiota pensar que essas são as únicas razões. Moralidade sexual tradicional não é encontrada exclusivamente em doutrinas místicas sobre Deus. Também é baseada em experiência pratica, envolvendo alguns fatos biológicos e psicológicos sobre os seres humanos. Fatos que irão atuar independente de sua opinião sobre qualquer realidade transcendente. É por isso que as culturas mais tradicionais desencorajam a fornicação, até mesmo daqueles que tem diferentes doutrinas sobre deuses e o sentido de prazeres terráqueos. Não é porque eles escutam padres, mas porque eles ouviram suas avós.
Entretanto eu vou assumir um dogma místico nesse post, assumir que há algo como ética, que comanda não ferir o ser colega humano, e que essa regra é obrigatória. Alem disso, que o colega ser humano inclui a SI MESMO, então a pessoa ética é primeiramente e principalmente comprometida com a prosperidade humana no exemplo da humanidade em que eles realmente têm controle. Portanto, você não pode dispensar um comportamento auto-destrutivo dizendo que “isso não vai machucar mais ninguém”, porque se você realmente ama o bem, você vai querer ver isso produzido em você mesmo assim como nos outros. Alem disso, destruindo a si mesmo você perde a habilidade de ajudar outras pessoas, e causa sofrimento a pessoas que amam você.
Nesse mesmo passo, é insuficiente se a outra pessoa consente, porque pessoas as vezes consentem em coisas que são prejudiciais e elas. Você tem que realmente decidir se o ato do sexo seria beneficial ou destrutivo para a outra pessoa.
Agora vem a biologia e a psicologia. O primeiro fato sexual é que a paixão causa prazer intenso, comparável em intensidade a drogas viciantes. Não a nada inerentemente errado com isso, mas isso significa que é improvável que estejamos sóbrios quando fazemos escolhas sobre isso. Portanto, o que quer que os princípios éticos possam sugerir, eles devem ser aplicados por regras sociais claras e explicitas para se evitar situações ambíguas.
 O segundo fato é que nós somos uma espécie que cria laços através de sexo, condicionado por químicas como a ocitocina. Portanto, a conseqüência habitual do sexo é criar uma forte ligação emocional entre os dois participantes. Isso pode ser possível de evitar por deliberadamente proteger a si mesmo com barreiras emocionais, mas isso não é confiável. E o que irá acontecer se uma pessoa cria laços enquanto a outra pessoa se mantém reservada?
Pior ainda, distanciamento emocional parece provável de levar a uma sexualidade não baseada no amor, mas em algum tipo de contentamento pelo próprio corpo, ou por outra pessoa. É importante notar nessa conexão, que luxuria não é sempre “amor”, mesmo se por “amor” nós apenas queremos dizer afeição romântica. Como nosso senso de humor, luxuria pode até apreciar crueldade, para si mesmo e outros. Há uma razão do por que certas palavras para esse ato se tornaram palavrões.
Por essas razões, a pessoa ética vai evitar sexo casual, e vai apenas fazer amor no contexto de um relacionamento genuíno de afeição e amizade mútuas.  
Alem disso, é melhor que esses relacionamentos sejam exclusivos se for pra eles se manterem estáveis. Ciúme é outro desses fatos estranhos sobre a natureza humana que devem ser levados em conta. É fácil para pessoas (especialmente pessoas imaturas que não estão cientes de seus próprios limites) decidir que elas são sofisticadas e maduras o bastante para agüentar um “relacionamento aberto”, mas a instabilidade notória de tais relacionamentos prova o contrario. Alem disso, apesar de ciúmes ser um defeito em muitos contextos, eu não acho que ele seja errado nesse contexto. Pelo menos, “amor livre” – A visão de uma natureza humana idealizada (quase comunista) em que todos podem compartilhar igualdade entre amigos próximos, mas ninguém esta intitulado a relações privadas impróprias para se compartilhar com os outros – não me atrai.
Finalmente, se esses relacionamentos são para resultar em uma felicidade a longo prazo então é preciso que haja um entendimento explicito de que o relacionamento é planejado para ser permanente. A alternativa é criar laços com alguém (ou mais provável, uma serie de pessoas), sob a condição de que você pode racionalmente esperar que eventualmente vocês se tornem estranhos, ou até mesmo inimigos, para essa pessoa.
Eu não namorei na faculdade [nota: “eu” se refere ao autor do post original], mas eu era amigo de vários casais que namoravam e eventualmente terminaram. Quando pessoas estão emocionalmente envolvidas, mas não emocionalmente comprometidas, é como um trem desgovernado esperando algo acontecer. De um ponto de vista objetivo visto de fora, parece que o coração partido supera a alegria. As praticas dos namoros modernos são péssimas a esse respeito, mas adicionar laços sexuais a mistura faz disso muito pior.
Outro pequeno fato estranho sobre sexo é que com ele se faz bebes. Como comumente praticada, contraceptivos não tem 100% de sucesso. Até mesmo moralidade sexual liberal-secular reconhece a problemática natureza da “gravidez indesejada”. Toda hora que um homem faz sexo com uma mulher fértil a qual ele não quer se casar, ele esta arriscando fazer ela escolher entre (a) abortar, ou (b) ter uma criança que crescerá com um pai ausente (e possivelmente uma mãe relutante também).
Eu acredito que (a) é imoral. Mas ao invés de me desviar sobre ter uma razão “secular” para isso, eu vou simplesmente apontar que em qualquer caso é uma decisão difícil e provavelmente traumática para a mulher fazer. Outro desses fatos estranhos sobre a biologia humana é que o corpo de uma mulher grávida esta cheio de hormônios tentando fazer ela sentir fortes laços emocionais com o homo sapiens não nascido dentro dela.
Quanto a (b), uma pessoa ética deveria perceber que os interesses da criança em ter parentes amáveis é mil vezes mais importante do que seus próprios interesses em trilhas sexuais ou românticas. Por outro lado, se em um romance você esta procurando os interesses profundos de uma pessoa, então esse interesse, assim como o interesse da criança, é melhor sustentado pelo casamento. Um homem de verdade não usa uma dama e depois a descarta quando ela se torna inconveniente. Ele também não abandona sua própria carne e sangue.
Esse post não é destinado a dizer nada contra o amor. Castidade é amor: desejando o bem do amado, controlando desejos sexuais, para o bem da plenitude e integridade do amado.


Traduzido de: Aron Wall, "Undivided Looking - Chastity: not just for religious folk"

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