segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Argumento Evolucionista contra o Naturalismo




Quando ouvimos de alguma nova tentativa de explicar a razão... de forma natural, nós deveríamos reagir como se nós fossemos ditos que alguém deixou um circulo com quatro lados. – Peter Gearch, “The Virtues”, p. 52


O Argumento Evolucionista contra o Naturalismo


Um dos problemas antigos na filosofia, é o problema do ceticismo. Como podemos estar certos de que o que experimentamos é verdade, e não uma ilusão ou apenas um modelo útil? Como saber se nosso conhecimento é preciso e não um truque causado por forças externas? A forma normal ao qual isso é endereçado, é pela posição do Particularismo Epistêmico. Que é basicamente a posição de que nosso conhecimento é inocente, até ser provado como culpado. Não há razão para duvidar de nosso conhecimento, crenças e intuição a não ser que possamos achar alguma razão para duvidar. Mas e se existisse uma razão que pudesse nos fazer começar a duvidar de nossas crenças? E se nossas crenças nos levassem a uma contradição interna e a um circulo auto refutável?
Graças a Deus, nem todas as crenças caem nessa posição, mas se você crê no Naturalismo Filosófico, então esse deve ser, de fato, o caso. Naturalismo Evolucionista Naturalista, é a posição de que não existem entidades sobrenaturais, que o mundo natural é tudo o que existe e humanos vieram por um acidente através do trabalho cego da matéria. Nós teríamos evoluído naturalmente, de animais menores, passando traços e crenças que nos ajudam a sobreviver. Como naturalista Daniel Dennett diz:

“[A mente] é o cérebro, ou mais especificamente, um sistema ou organização dentro do cérebro que evoluiu da mesma forma que nosso sistema imunológico ou sistema respiratório ou sistema digestivo evoluiu. Como varias outras coisas naturais, a mente humana é algo como uma bolsa de truques, remendada ao longo das eras por processos não-providenciados de evolução por seleção natural.” [Daniel Dennett, “Breaking the Spell”, p. 107]

Então, tudo o que nos torna o que somos teria vindo pela seleção natural para nos ajudar a sobreviver. Porem, isso incluiria tudo sobre nós mesmos, o que incluiria a química do cérebro e como ela funciona. O cérebro evoluído do ser humano teria vindo apenas como uma forma de ajudar o organismo na sobrevivência. Então, se o naturalismo for verdade, tudo o que o cérebro faz é para a sobrevivência, o que inclui necessariamente todas as crenças e pensamentos que ele tem. O que iria ocasionar no fato de que todas as crenças que pensamos ser verdades da realidade são apenas formadas no cérebro para nos ajudar a sobreviver. Mas, consequentemente, isso iria incluir a crença no naturalismo. Então, se você crê que o naturalismo é verdade, então você também tem que crer que você crê que o naturalismo é verdade porque o seu cérebro decidiu essa crença como benéfica para a sobrevivência, não porque seja verdade. Então, como Alvin Plantinga identificou, o Naturalismo Filosófico cai em um ciclo auto refutável:

“Eu creio que o naturalismo seja a verdade” – “Eu sou um produto apenas do naturalismo evolucionista” – “Portanto, minhas crenças são programadas em mim para me ajudarem a sobreviver” – “Isso inclui minha crença de que o naturalismo seja a verdade.”
[Alvin Plantinga, "Naturalism Defeater"]

De fato, vários experts identificaram esse problema. Filosofo Richard Rorty diz:

“A ideia de que uma espécie de organismo é, diferente de todas as outras, orientada não apenas para o seu próprio aumento da propensão, mas em direção a Verdade, é tão não-Darwiniano quanto a ideia de que todo ser humano tem uma bussola moral construída.” [Richard Rorty, “Untruth and Consequences”, p. 36]

Revista Time diz que Biólogo J. M. Smith “nunca entendeu o porquê de organismos terem sentimentos. Afinal de contas, biólogos ortodoxos creem que o comportamento, embora complexo, é governado completamente pela bioquímica, e que sensações criadas – medo, dor, preocupação, amor – são apenas sombras lançadas por essa bioquímica, não sendo vitais para o comportamento do organismo...” [Time, 28 de dezembro de 1992, p. 41]
Até mesmo o grande Charles Darwin tinha essa preocupação:

“Comigo a duvida horrível sempre apareceu, se as convicções da mente humana, que foram desenvolvidas da mente de animais menores, são de algum valor ou ao menos confiáveis” [Charles Darwin, Carta a William Graham, 3 de Julho de 1881]

Mas, claro, a objeção obvia a isso é: Por que não seria o mais benéfico para a sobrevivência ter uma descrição precisa e verdadeira da realidade? Claro que um organismo com faculdades cognitivas confiáveis, e sabendo o que é verdade, seria a forma mais favorável para sobreviver. Portanto, a evolução iria selecionar faculdades projetadas para saber a verdade. Porem, Plantinga antecipou essa objeção e nos aponta que a probabilidade disso acontecer seria baixa ou deveríamos nos manter agnósticos sobre o naturalismo ser verdade.
Primeiro, não há nenhum equivoco necessário ente “O que é útil” e “O que é verdade”. Algo pode ser útil, mesmo não sendo verdade. Veja, por exemplo, a Astronomia Ptolemaica. Por séculos esse modelo foi usado para nos ajudar na navegação e a fazer gráficos de navegação das estrelas. Era útil, mas não uma descrição verdadeira da realidade. E claro, depois foi substituído por um modelo mais preciso. Porem, se o naturalismo for verdade, então nosso conhecimento deveria ser análogo quanto a astronomia Ptolemaica, simplesmente um modelo útil para nos ajudar a atravessar o mundo.
Então, apenas porque nosso conhecimento funciona em medidas praticas, isso não torna verdade o que a realidade é.
Veja outro exemplo: qualia, especificamente, a “cor”. Na natureza, objetos externos refletem ondas eletromagnéticas, que atingem o olho humano para criar estados bioquímicos. O que é transmitido ao cérebro como padrões neurais ao córtex visual primário. Se o naturalismo for verdade, o cérebro iria de alguma forma criar a cor, a partir dessa informação, como um modelo útil. As ondas de ligação originais não tem cor. A cor é, como John Locke disse, qualidade secundaria ou conteúdo da mente. Elas emergem como ondas de ligação, são percebidos pelos olhos, e criados no cérebro. Fora do cérebro, a cor não existe. Então a cor é apenas um modelo útil criado pelo cérebro, mas não algo que realmente existe na natureza. E se o cérebro faz isso com a cor, então pode ser facilmente argumentado que ele faz isso com nosso conhecimento. Não é necessariamente verdadeiro, mas um modelo útil que nós somos programados para crer que é verdade, passa nos ajudar a sobreviver.
Então, nós caímos em um ciclo auto refutável: Se o naturalismo for verdade, conhecimento e crenças são para a sobrevivência, então a crença no naturalismo não é verdade, mas apenas para a sobrevivência. De fato, experts em filosofia e ciência notam que não há razão para pensar que a verdade seja algo possível de se obter se o naturalismo for verdade. Filosofo John Grey diz:

“A mente humana serve ao sucesso evolucionário, não a verdade. Para pensar o contrario é preciso ressuscitar o erro pré-Darwinista de que os humanos são diferentes de todos os outros animais. A teoria Darwinista nos diz que um interesse na verdade não é necessário para a sobrevivência ou reprodução [...] Verdade não tem vantagem evolucionaria sistemática sob o erro.” [John Grey, “Straw Gods”, p, 20, 26-27]

Neurocientista e naturalista, Sam Harris, diz:

“Nossas intuições lógicas, matemáticas e físicas não foram projetadas pela seleção natural para achar a verdade” [Sam Harris, “The Moral Landscape”, p. 66]

Patricia Churchland diz:

“A ocupação principal [do cérebro] é colocar as partes do corpo onde elas deveriam estar para que o organismo possa sobreviver. Melhora no controle sensório-motor conferem uma vantagem evolucionária: um estilo observador [do mundo] é vantajoso enquanto ele [...] aumenta a chance do organismo de sobreviver. Verdade, o que quer que isso seja, fica em desvantagem.” [Journal of Philosophy (LXXXIV, outubro de 87) p. 548]

De fato, com nossa analogia da criação de cor no cérebro, nós podemos até mesmo argumentar que crenças verdadeiras poderiam ser distrações para gastar energia, causando organismos a buscar modelos mais simples.
Plantinga até argumenta que possuir crenças verdadeiras poderia ser desvantajoso, porque essas crenças iriam requerer o aumento do processo de informação contra modelos uteis simplificados. Assim como na analogia da cor. É muito mais simples entender a cor, do que interpretar ondas de ligação. Símbolos menos complexos de interface do usuário podem ser bem mais eficientes, já que eles requerem menos processo de informação para serem entendidos. Veja, por exemplo, nos ícones do computados vs o código de programação deles. Qual deles é mais fácil para a mente humana aprender e se adaptar? Qual requer menos poder cerebral para se entender? Similarmente, nosso conhecimento e nossas crenças poderiam ser símbolos menos complexos de interface de usuário para a sobrevivência, e não uma imagem verdadeira da realidade. Simplesmente algo que nós somos programados para pensar ser verdade porque pensar dessa forma nos ajuda a sobreviver.
Agora, alguns vão argumentar que existem algumas crenças que algumas pessoas tem que não buscam a sobrevivência. O exemplo obvio, são crenças que encorajam o suicídio. No naturalismo, pensamentos suicidas seriam criados pelo cérebro, mas não buscam a sobrevivência. Então, isso não significaria que nem todas as nossas crenças são benéficas para a sobrevivência? Bom, o que devemos lembrar é que, no naturalismo, o cérebro de um individuo suicida ainda esta fazendo o que ele ou ela pensam ser o melhor. Eles foram forçados a crer, por uma química cerebral, que o mundo é um lugar frio e escuro, e que a melhor opção é escapar dele através da morte.
Então, de forma corrupta, eles ainda estariam pensando que eles estão fazendo o que é melhor para eles, ou escolhendo crenças que vai os ajudar a ir a um lugar mais seguro.
Portanto, se o naturalismo for verdade, o cérebro do individuo ainda esta tentando obter o que é melhor para ele, mas a partir de uma posição com defeito. E a seleção natural seria o processo de capinar os organismos defeituosos que não conseguem obter a melhor forma de sobreviver. De fato, todas as crenças criadas pelo cérebro, seriam iguais para se obter a melhor maneira para sobrevier, já que esse seria o objetivo que cada organismo estaria tentando obter quando produzem crenças. Então, a crença no naturalismo pode não ser a crença mais útil para a sobrevivência, mas ela seria gerada com o objetivo de sobreviver em mente, não na busca pela verdade. Porem, até mesmo com essa fato simples, poderia ser facilmente explicado como qualquer visão de mundo metafisica, como o naturalismo ou o teísmo, podem ajudar um organismo a sobreviver. Porque, se o naturalismo for verdade, todas as visões de mundo dariam a um organismo a sensação de segurança e coragem. Eles estão sentindo como se entendessem como a realidade funciona e, portanto, isso seria benéfico.
Então, essas são as consequências, se o naturalismo for verdade. Todo o conhecimento humano estaria funcionando para a sobrevivência, como os especialistas identificaram. E não há razão para assumir que isso ocasiona na verdade. Então, o naturalismo filosófico tem um serio problema enraizado em suas próprias implicações.
Então, o que isso significa? Isso obviamente não demonstra que o naturalismo seja falso, nem prova o teísmo. O que isso mostra é que, se um individuo começa com a crença de que o naturalismo é verdade, então eles também tem que crer que essas crenças vieram por processos naturais, que buscam a criação de modelos uteis para a sobrevivência. Portanto, a crença no naturalismo é apenas um modelo útil também. Então, a crença no naturalismo refuta a si mesma. A verdade seria impossível de se obter, de fato, seria algo insignificante de ser debatido. Se a razão não é baseada na razão, mas em processos físicos cegos, então a própria razão esta perdida. E o próprio processo de raciocinar para o naturalismo e para o materialismo é insignificante e refuta a si mesmo, já que teria que assumir que raciocinando para a verdade funciona. Mas visões alternativas funcionam, já que podemos argumentar que propriedades mentais da consciência e da razão são irredutíveis em funcionamento e, portanto, evitam a implicação do reducionismo. É por isso que, por exemplo, teístas e idealistas não sofreriam as mesmas implicações, já que a mente não seria reduzíveis a processos físicos. Crer que coisas como Ciência, Moralidade e Lógica, são redutíveis, cria mais problemas do que alguns podem pensar. Mas, de novo, se elas são reduzíveis, nós estamos realmente pensando sobre isso?

“...em um concurso entre o ateísmo materialista e algum tipo de visão religiosa teísta, a conclusão materialista deixa até mais mistérios do que a visão que ve a razão e a consciência como partes da essência do universo” [Anthony O’Hear, “Philosophy”, p. 125]


Traduzido de:


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