Seria o “eu” o mesmo que meu
corpo? Existe alguma razão para crer que somos algo a mais? Em meu texto sobre
o Argumento
da Consciência, eu apresentei diversas razões filosóficas e cientificas
para crer que o corpo e a mente não são a mesma coisa, mas que a mente deve
estar em algo além do corpo. Mas recentemente, eu estive vendo uma entrevista de Alvin
Plantinga no programa Closer to Truth [Próximo a Verdade], onde ele
apresentou um argumento interessante chamado O Argumento Modal para o Dualismo.
No texto a seguir, eu vou tentar explicar o argumento dado por Plantinga de
forma simples.
O Argumento Modal para o Dualismo
A Lei da Indiscernibilidade de Idênticos de Leibniz
A Lei de Leibniz diz que, se A
e B forem idênticos, então qualquer coisa que for verdade para A também será
verdade para B. Então, se houver ao menos uma coisa diferente de A em B, eles
não são a mesma coisa. Isso é importante, pois se houver alguma coisa diferente
do corpo e do “eu”, então se segue que o “eu” não é o meu corpo.
É possível que A e B não sejam idênticos?
Chamemos o “eu” de A e o corpo
de B. Se eu sou B, então tudo o que for verdade B será verdade para A. Não existe mundo possível
onde A e B partilhem de algo diferente.
O argumento começa aqui: É possível
que A e B não sejamos a mesma coisa. Todos podem conceber um mundo possível onde
o nosso “eu” acorda em um corpo de um besouro ou de um cachorro. É inteiramente
possível que B deixe de existir, mas eu ainda exista, mesmo que seja em um
corpo de besouro ou de cachorro. Então, existe ao menos uma coisa que é verdade
para A, mas não é verdade para B. A pode existir enquanto B não existe. Sendo contrario
a Lei de Indiscernibilidade de Idênticos
de Leibniz, se segue então que A e B, nesse caso, não são a mesma coisa.
Podemos argumentar então:
1. Se
eu e meu corpo formos a mesma coisa, então devemos compartilhar as mesmas
verdades.
2. É
possível que eu exista enquanto meu corpo não existe.
3. Se
é possível que eu exista enquanto meu corpo não, então eu e meu corpo não
compartilhamos as mesmas verdades.
4. Portanto,
eu e meu corpo não somos a mesma coisa.
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